Já escrevi alguns artigos defendendo o uso dos jogos como ferramenta no processo de educação.
Salvo algumas iniciativas isoladas no mundo e inclusive no Brasil, em geral, os jogos sofrem muita resistência por parte de educadores e profissionais da área, que não enxergam os games com bons olhos. Longe de discutirmos as causas e motivos por detrás desse desinteresse ou mesmo preconceito, a área médica já enxergou a potencialidade de se utilizar essa poderosa ferramenta no auxílio do tratamento de seus pacientes.
O advento de novas tecnologias e novos conceitos na área de games permitiu aos profissionais de saúde integrarem aos seus tratamentos e diagnósticos, instrumentos como o Kinect, da Microsoft e o Nintendo Wii, com absoluto sucesso, em se tratando da aceitação de seu público. Além de tornar o tratamento mais divertido para os pacientes, os profissionais agora têm diagnósticos mais precisos para seus relatórios.
Além do uso na área médica, começam a surgir iniciativas, como a ONG Games for Change, onde os jogos têm uma abordagem estritamente social, econômica e política. Temas como a situação de guerra constante entre países do Oriente Médio, a situação econômica de alguns países e até a questão do terrorismo são recorrentes nos games patrocinados pela organização.
Política e Brasil
Não é novidade para nenhum brasileiro as constantes notícias veiculadas na mídia, seja ela independente ou tradicional, dos usos abusos do poder, por parte dos nossos representantes, em praticamente todas as esferas do poder público. Escândalos verdadeiramente absurdos têm a mania de não dar em nada, ou, como temos a cultura de dizer, de dar em “pizza”. Diante desses e outros fatos, os quais não é o nosso foco, a população começa a reagir diante de tantas denúncias de corrupção.
As manifestações recentes ocorridas em nosso estimado país, têm levantado diversas questões que, se antes eram menos evidentes, agora tornaram-se claras, até demais. O que é ótimo, diga-se de passagem.
Mas as reivindicações dos manifestantes não devem perder força apenas porque o povo, ávido por mudanças, deixou de ir às ruas; é preciso encontrar formas, estratégias eficientes que permitam que a voz, a muito silenciada, continue a ser ouvida pelos governantes.
O movimento que estamos vivenciando nas mídias sociais têm se mostrado cada vez mais eficientes nesse quesito: policiar e cobrar mais transparência do governo.
Mas, e os games?
Creio que a tecnologia está sendo usada de maneira bastante eficaz para cobrar do Governo, uma administração mais transparente. O próprio Governo está disponibilizando mais informações em sua página na internet.
Já a população, têm se mostrado bastante ativa nas redes sociais e com ótimo poder de organização.
Além disso, começamos a ver, mesmo que timidamente, surgirem algumas manifestações criativas e bem humoradas de críticas aos constantes casos de corrupção.
Uma manifestação bastante interessante, é o game “Memória do Mensalão”. Desenvolvido pela 5:PM Serious, onde, em um jogo de memória, o jogador deve “prender” todos os acusados do escândalo e fazer justiça com as próprias mãos.
Outro game que trata de questões políticas, mas de maneira local, é o game “Coxinha da Madrasta“, que aborta, de maneira divertida, o caso envolvendo um vereador de Belo Horizonte na compra de “coxinhas”. O caso virou até uma marchinha de carnaval.
Outro game que vale a pena citar é o do incidente envolvendo uma bolinha de papel jogada contra o candidato à Presidência José Serra, em 2010. Inspirado na celeuma, neste jogo você pode acertar o político com a ajuda do mouse. (link)
Conclusões
A tecnologia dos games está, aos poucos, ganhando terreno no mundo de hoje. Deixa de ser uma opção de entretenimento, para se tornar ferramenta em diversas áreas antes não exploradas; e tem se dado bem. Com um pouco de paciência e pesquisa, é possível encontrar muita matéria sobre a utilização de games em diversas áreas.
É o que chamamos de gamification.