19/09/2009 – 00:04
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Escola nova-iorquina adota games como material didático
Tentar prender a atenção de dezenas de crianças ou adolescentes durante uma aula de matemática ou geografia deve ser uma tarefa no mínimo hercúlea nos dias de hoje. Principalmente quando se considera a miríade de novas tecnologias e canais de comunicação que cada vez mais inundam nosso cotidiano. E convenhamos: se não se pode vencê-los, porque não juntar-se à eles?
Pois no próximo mês será inaugurado em Nova York o primeiro currículo escolar baseado no aprendizado por games. Isso mesmo, você leu direito: Jogos oficialmente reconhecidos como material didático.
A escola Quest to Learn espera que aplicando exercícios conceituais dentro de jogos como LittleBigPlanet e Civilization possa preparar melhor seus alunos para tornarem-se os exploradores, matemáticos, historiadores, escritores e biólogos evolucionistas do futuro. A ideia principal por trás do projeto é um tanto óbvia, e que -infelizmente – costuma cair na categoria dos conceitos de “impossível aceitação” pela esmagadora maioria dos pedagogos tradicionalistas: que as crianças aprenderão com mais facilidade e entusiasmo quando em contato com videogames, pois eles oferecem sistemas baseados em regras fáceis e reconhecíveis por elas.
O site do do colégio explica melhor: “Por meio de uma pedagogia inovadora que imerge os alunos em contextos diferenciados, baseados em desafios, a escola reconhece os sistemas de reflexão e design de games como métodos de educação chaves do século 21”.
Games não são o único novo recurso adotado pela escola. Jogos inspirados em teorias evolucionistas como Spore dividem a grade com ferramentas mais sérias, como modelação 3D no programa Maya ou animação em Flash.
Em um dos programas, por exemplo, os alunos devem criar uma graphic novel – nome “adulto” dado aos quadrinhos – baseada no poema épico babilônico Gilgamesh, disputar partidas no jogo de tabuleiro “Settlers of Catan” e explorar virtualmente as regiões da antiga Mesopotâmia com a ajuda do Google Earth. RPG’s e jogos de carta também fazem parte do currículo.
Claro, a escola ainda deve responder a requerimentos educacionais como qualquer outro colégio, portanto não pode livrar-se completamente de disciplinas tradicionais como Matemática ou Inglês. Porém isso não os impediu de desenvolver uma estrutura e terminologia para os cursos que também tira sua inspiração dos videogames, como ressalta artigo da revista Metropolis:
“Cada uma das 20 a 25 crianças por classe terão acesso a notebooks e, no lugar das matérias singulares tradicionais, assistirão a quatro aulas de 90 minutos, cada uma dedicada à um domínio curricular, como ‘Codeworlds’ (uma combinação de matemática com inglês) e ‘A Maneira Como As Coisas Funcionam’ (que reunirá as disciplinas matemática e ciências). Cada domínio ser concluído com um período de duas semanas de provas chamado ‘Boss Level’ – ou Fase do Chefão”.
Ainda de acordo com a Metropolis, representantes do sistema educacional nova-iorquino demonstram esperança de que o colégio possa representar o começo de uma nova revolução educacional. O projeto foi criado pela instituição sem fins lucrativos Institute of Play, e conta com apoio financeiro de parceiros como a Gates Foundation, Intel e MacArthur Foundation – o governo de Nova York pretende assumir a responsabilidade dos custos a partir de 2015.
Tudo isso, é claro, depende de professores pro-ativos e menos preguiçosos – que como bem sabemos, já é há tempos uma espécie em extinção. Não adianta jogar um moleque em Liberty City com uma bazuca embaixo do braço sem antes pelo menos situar o garoto.
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Autor: Bruno Vasone – Categoria(s): O futuro a Zeus pertence Tags: civilization, educação, institute of play, littlebigplanet, quest to learn, spore
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